Lusa
Piancó Vilar
Em
agradecimento ao belíssimo artigo que escreveu por ocasião da Festa de São
Pedro (ano 2000), o Padroeiro da minha cidade natal, cuja beleza e resgate da
memória dos nossos antepassados é um presente valiosíssimo para todo
itapetinense que ama seu torrão natal. Antes de ler o texto na íntegra, leia a
beleza desse verso de Antônio Marinho, o Águia do Sertão" cantado na
cidade Campina Grande em um Congresso de Cantadores em 1936, por ocasião de uma
visita dos cantadores ao cemitério:
"Deus
te salve antepassados
Que já
foram como nós
Foi
aqui que nossos pais
Pisaram
nossos avós
Nós
pisamos nossos pais
Nossos
filhos pisam nós"
ITAPETIM DOS MEUS TEMPOS (histórias
do nosso povo)
Autor: Professor
Benone Lopes
Do: Jornal O Resumo
(2000)
'Umburanas
dos meu avós, dos descendentes de Amâncio Pereira, do Padre João Leite de
batina preta. Umburanas dos "Babecos", Umburanas de Juvino Leite e de
Antônio Nunes. Umburanas das antigas festas de São Pedro organizadas por
comissões e encarregados que travavam lutas nas disputas pela vitória de sua
barraca, cada um querendo fazer de sua candidata a Rainha Coroada da Festa.
Festa
do meu tempo de menino, das barracas: Brasileira e Americana, Aviação e
Marinha, Baiana e Cigana, Esperança e Saudade, Rubi e Esmeralda.
Festas
dos encarregados: Sebastião Senhor, Antônio Correia, José Santos, João de
Senhorinha, Antônio Piancó, Choco Santos, Geraldo Mariano, Miguel Costa,
Otaviano Correia, Oliveiros Albuquerque, Aderbal Rêgo, Adalberto Rêgo (Tim), e
tantos outros comerciantes e agricultores que se dedicavam durante todo o mês
de junho ao trabalho da festa de São Pedro, lutando por suas candidatas.
Festas
de Maria de Albino, França Adonias, Natália Ventura, Suzana Ventura, Tereza
Torres, Jacinta de Simão, Biu Garra, Zefinha Malta, Luzia do Correio, de Zilda
Oliveira, senhoras que deixavam suas casas, seus afazeres e dedicavam-se
inteiramente aos trabalhos das barracas, das comissões, dos leilões, animados
pela banda de pífanos comandada pelo velho Floro da Goiabeira.
Festas
das quadrilhas, e dos cocos dançados no pavilhão do meio da rua; festas dos
leilões gritados por Florentino Beijarás que mandava os arrematadores tomarem
torrado na beira do rio.
Festas
dos casamentos matutos, em carros de bois, dos bailes, de coroação da Rainha no
Salão Grande do padre. Festas de São Pedro do carrossel de Joaquim de Fonte, da
Onda de Juvino Felipe, do carrossel de cavalinho, Festas animadas pela banda de
Zé Gongô,
Festas do pastoril de Julieta Malta e Antônia de Josué, como os
cordões encarnado e azul, festas das bonitas procissões de encerramento com a
imagem de São Pedro, o Padroeiro, onde uma multidão de fiéis acompanhava numa
verdadeira demonstração de fé e homenagem ao porteiro do céu.
Festas
em que as rendas eram entregues totalmente ao padre João Leite para a
construção da Igreja Matriz, templo majestoso, hoje concluído com um porte de
um símbolo de fé e de catolicismo de sua gente.
As
festas dos meus tempos, das minhas recordações...
(Próximo
número continuaremos as nossas lembranças do Itapetim antigo).